A frase que dá
título a este texto dispensa até mesmo o conteúdo que vem a seguir, pois resume
em uma única expressão um pensamento que envolve comportamento, reconhecimento,
postura, ética e tantas outras atribuições que podem ser dadas ao ser humano, tanto
em sua versão como pessoa física, quanto na forma em que conduz seu
desenvolvimento profissional e empresarial. Deixando de lado aqui as especulações
da vida alheia e desta vez nem mesmo entrando na área da política – prato cheio
sobre valer a pena conhecer o indivíduo - foco este tema no mercado de
trabalho, onde diariamente encontramos profissionais experientes com currículo invejável
entre especializações e projetos realizados, mas que são pessoas insuportáveis
de se conviver. Na outra ponta da corda, na simplicidade de uma pessoa tida
pela elite como “povão”, podemos encontrar o aperto de mão e o olhar sincero e
a incapacidade de lhe fazer o mal.
Algumas piadas
populares reforçam a ideia de que “as pessoas deveriam ser iguais embalagens de
cigarro; vir com a foto do mal que causam”. O ponto de equilíbrio poderia
estar- quem sabe - em uma sensatez mais comum à todos e no exercício de ouvir mais,
refletir mais e falar menos. A rotina do
mercado de trabalho oferece cotidianamente relação com situações divergentes; há
o profissional com capacidade muito superior a que a empresa exige dele e
também a situação inversa, onde a exigência da empresa é que é muito superior a
sua capacidade de execução. É tarefa difícil ao gestor admitir que a imagem da instituição
a qual lidera, começa a ficar desgastada diante da comunidade pela maneira como
um determinado profissional se porta perante aos demais na ausência do seu
líder. Pior, quando o líder parece perder o comando sobre a equipe e seus
projetos são abalados pela formação de grupos com objetivos distintos, onde
cada um puxa para o lado que lhe proporciona maiores benefícios pessoais. E
isto é mais comum do que parece.
Conforme dicas
de gestão empresarial nas páginas desta edição do Pauta, um erro grave e que
traz resultados insatisfatórios - e que encontramos pelo caminho diariamente -
são as escolhas na hora da contratação de um profissional para determinada
vaga, que optam pelo próprio amigo ou parente – ato que teoricamente supriria
as necessidades do cargo por ser alguém de confiança, ou seja, o velho lema de “unir
o útil ao agradável”, mas tem sido uma decisão que vem acompanhada de consequências
desagradáveis. Se; “crescer profissionalmente é aprender com os erros” e; “a
experiência é adquirida com a longevidade no trabalho”, hoje admito que já errei
em meu setor de atuação dando outrora preferência
e defendendo a presença de “amigos” em um mercado tão importante e que lida
diretamente com a imagem e com a marca dos clientes, e a nossa própria imagem.
Encontramos líderes comerciais e empresariais em nosso mercado que vivem o
drama de não saberem que decisão tomar diante do trabalho mal executado pelo
profissional parente ou amigo e a consequência no clima familiar que poderia
gerar a sua demissão. A incógnita é; dar preferência à saúde do seu negócio ou
a saúde da sua família e círculo de amizades? O que fazer? O que encontramos
com maior normalidade é a postergação da decisão, o “vamos levando assim até
onde der”. Qualquer decisão quando o caso chega neste extremo, resultará em
prejuízo.
A decisão mais
óbvia ao empreendedor – sempre que possível - seria preservar a saúde da
família e da empresa simultaneamente, não misturando amizades e laços
familiares com negócios, (exceto transição de geração entre pais e filhos).
Sempre que houver a possibilidade de contratação, primar pela escolha do profissional
que facilitará as decisões que deverão ser tomadas entre contratante/contratado
ao longo do processo sem afetar a vida pessoal de cada um. O mercado de
trabalho é como uma estrada repleta de obstáculos imprevistos e os erros e
acertos em todos os setores – do diretor/presidente ao estagiário – é normal. Entretanto,
alguns destes erros são fáceis de serem corrigidos e o futuro de empreendedores
e colaboradores podem continuar seguindo em passos largos rumo ao sucesso
coletivo. Outros erros – teoricamente de fácil solução mas que tem tomadas de
decisões ou lentas, ou precipitadas demais - são capazes de manchar uma
história inteira de luta, trabalho e dedicação.
Surpreendem-se
e decepcionam-se ainda alguns empreendedores que defenderam a presença do
profissional amigo/parente em sua empresa por um bom período e sabem que foi
nesta época que o mesmo ganhou reconhecimento no mercado para então seguir por
outros caminhos em empresas maiores. Hoje, ao visualizar o currículo virtual do
amigo na internet, estranham a ausência daquele período e da marca da sua
empresa no campo “Experiências Profissionais”. Fatos assim remetem exatamente
ao contexto do título desta coluna; “ser pessoa muito conhecida é uma coisa,
valer a pena conhecê-la em sua essência é algo bem diferente”. Entretanto,
“decepcionar-se sim, render-se jamais”, afinal, afirmam os estudiosos do setor
que, são os empreendedores persistentes que continuam movendo o mundo.
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