quarta-feira, 29 de maio de 2013

Mais importante que ser uma pessoa muito conhecida, é ser uma pessoa que vale a pena conhecer.

A frase que dá título a este texto dispensa até mesmo o conteúdo que vem a seguir, pois resume em uma única expressão um pensamento que envolve comportamento, reconhecimento, postura, ética e tantas outras atribuições que podem ser dadas ao ser humano, tanto em sua versão como pessoa física, quanto na forma em que conduz seu desenvolvimento profissional e empresarial. Deixando de lado aqui as especulações da vida alheia e desta vez nem mesmo entrando na área da política – prato cheio sobre valer a pena conhecer o indivíduo - foco este tema no mercado de trabalho, onde diariamente encontramos profissionais experientes com currículo invejável entre especializações e projetos realizados, mas que são pessoas insuportáveis de se conviver. Na outra ponta da corda, na simplicidade de uma pessoa tida pela elite como “povão”, podemos encontrar o aperto de mão e o olhar sincero e a incapacidade de lhe fazer o mal.

Algumas piadas populares reforçam a ideia de que “as pessoas deveriam ser iguais embalagens de cigarro; vir com a foto do mal que causam”. O ponto de equilíbrio poderia estar- quem sabe - em uma sensatez mais comum à todos e no exercício de ouvir mais, refletir mais e falar menos.  A rotina do mercado de trabalho oferece cotidianamente relação com situações divergentes; há o profissional com capacidade muito superior a que a empresa exige dele e também a situação inversa, onde a exigência da empresa é que é muito superior a sua capacidade de execução. É tarefa difícil ao gestor admitir que a imagem da instituição a qual lidera, começa a ficar desgastada diante da comunidade pela maneira como um determinado profissional se porta perante aos demais na ausência do seu líder. Pior, quando o líder parece perder o comando sobre a equipe e seus projetos são abalados pela formação de grupos com objetivos distintos, onde cada um puxa para o lado que lhe proporciona maiores benefícios pessoais. E isto é mais comum do que parece.

Conforme dicas de gestão empresarial nas páginas desta edição do Pauta, um erro grave e que traz resultados insatisfatórios - e que encontramos pelo caminho diariamente - são as escolhas na hora da contratação de um profissional para determinada vaga, que optam pelo próprio amigo ou parente – ato que teoricamente supriria as necessidades do cargo por ser alguém de confiança, ou seja, o velho lema de “unir o útil ao agradável”, mas tem sido uma decisão que vem acompanhada de consequências desagradáveis. Se; “crescer profissionalmente é aprender com os erros” e; “a experiência é adquirida com a longevidade no trabalho”, hoje admito que já errei em meu  setor de atuação dando outrora preferência e defendendo a presença de “amigos” em um mercado tão importante e que lida diretamente com a imagem e com a marca dos clientes, e a nossa própria imagem. Encontramos líderes comerciais e empresariais em nosso mercado que vivem o drama de não saberem que decisão tomar diante do trabalho mal executado pelo profissional parente ou amigo e a consequência no clima familiar que poderia gerar a sua demissão. A incógnita é; dar preferência à saúde do seu negócio ou a saúde da sua família e círculo de amizades? O que fazer? O que encontramos com maior normalidade é a postergação da decisão, o “vamos levando assim até onde der”. Qualquer decisão quando o caso chega neste extremo, resultará em prejuízo.

A decisão mais óbvia ao empreendedor – sempre que possível - seria preservar a saúde da família e da empresa simultaneamente, não misturando amizades e laços familiares com negócios, (exceto transição de geração entre pais e filhos). Sempre que houver a possibilidade de contratação, primar pela escolha do profissional que facilitará as decisões que deverão ser tomadas entre contratante/contratado ao longo do processo sem afetar a vida pessoal de cada um. O mercado de trabalho é como uma estrada repleta de obstáculos imprevistos e os erros e acertos em todos os setores – do diretor/presidente ao estagiário – é normal. Entretanto, alguns destes erros são fáceis de serem corrigidos e o futuro de empreendedores e colaboradores podem continuar seguindo em passos largos rumo ao sucesso coletivo. Outros erros – teoricamente de fácil solução mas que tem tomadas de decisões ou lentas, ou precipitadas demais - são capazes de manchar uma história inteira de luta, trabalho e dedicação.

Surpreendem-se e decepcionam-se ainda alguns empreendedores que defenderam a presença do profissional amigo/parente em sua empresa por um bom período e sabem que foi nesta época que o mesmo ganhou reconhecimento no mercado para então seguir por outros caminhos em empresas maiores. Hoje, ao visualizar o currículo virtual do amigo na internet, estranham a ausência daquele período e da marca da sua empresa no campo “Experiências Profissionais”. Fatos assim remetem exatamente ao contexto do título desta coluna; “ser pessoa muito conhecida é uma coisa, valer a pena conhecê-la em sua essência é algo bem diferente”. Entretanto, “decepcionar-se sim, render-se jamais”, afinal, afirmam os estudiosos do setor que, são os empreendedores persistentes que continuam movendo o mundo.


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